segunda-feira, 14 de agosto de 2017

Moradores da Asa Sul contestam aumento na conta de água

Em tempos de racionamento, água vale ouro no DF. O valor da conta do mês passado, referente ao consumo de junho, assustou moradores da Asa Sul. Na Quadra 711, teve consumidor que se deparou com um preço até 13 vezes maior do que a quantia que costuma pagar. Outro recebeu uma fatura de R$ 17 mil.

O fato aconteceu nas residências do Conjunto F e a indignação da comunidade, claro, é unânime. “A população está sendo extorquida”, declara o aposentado Hélio Campagnucio, 61 anos.

Pela primeira vez em dez anos, ele recebeu a conta de água no valor de R$ 830. “Meu gasto nunca ultrapassou o custo da tarifa mínima cobrada pela Caesb, de R$ 50. Desta vez, a companhia alega que eu consumi 49 metros cúbicos, sendo que meus hábitos são exatamente os mesmos. Só moramos eu e minha esposa nessa casa. Minha filha só está passando uns dias aqui”, argumenta.Análise
Ao procurar a Companhia de Saneamento Ambiental do DF (Caesb), a revolta do aposentado ganhou força. “Eu os avisei do problema. Eles retiraram o hidrômetro e levaram para análise, mas, em seguida, alegaram que a cobrança estava certa. Inclusive, chegaram a dizer que o valor tinha sido abaixo, ou seja, que eu havia sido beneficiado e a companhia prejudicada. Isso porque o relógio estaria errado, portanto, teria contabilizado menos do que a quantidade consumida. Isso é um absurdo”, afirma.

Para Hélio, a culpa é da falta de manutenção dos hidrômetros da quadra. Alguns completaram 20 anos sem a visita de um técnico, acrescenta o morador. “Acredito que, por causa do racionamento, muitos hidrômetros tiveram que ser ligados e desligados frequentemente, o que pode ter gerado uma pane ou erro no relógio”, declara.

Ainda assim, ele descarta que o prejuízo tenha sido da Caesb. “Muito pelo contrário. E tenho como provar isso. Depois que o hidrômetro foi para análise, um novo veio para substituí-lo. Ele está marcando a mesma quantidade de água consumida que o antigo. Ou seja, o número é absolutamente compatível com o aferido anteriormente e com o que eu gasto há dez anos. Jamais gastei 49 metros cúbicos. Como eles chegaram a esse resultado?”, questiona.

O aposentado ressalta que não há vazamento na residência. “Tem uma década que meu consumo é regular. O que aconteceu foi anormal. O hidrômetro que fica da porta da minha casa para fora não é minha responsabilidade. Se estava desregulado, não é culpa minha”, diz.

Hélio aproveita para questionar a tarifa mínima. “Todo mês, pago o correspondente a dez metros cúbicos, sendo que o meu consumo efetivo é de até quatro, no máximo. Logo, mensalmente, pago seis metros cúbicos sem utilizar isso de fato. Ao meu ver, isso contraria o Código de Defesa do Consumidor.

Além disso, não tenho garantia de que serei recompensado futuramente pelo pagamento de algo que não gastei. No ano passado, passei sete meses viajando, mas, ainda assim, tive que desembolsar R$ 50 sem utilizar uma gota de água”, acrescenta.
A fisioterapeuta Taynara Paula Plaza, 32 anos, se deparou com a cobrança de R$ 17 mil na última fatura. “A Caesb avisou que nossa conta estava em revisão. Depois que recebemos, foi um susto. Os técnicos disseram que poderia ter acontecido erro na leitura. Quando chegaram, encontraram uma infiltração. Mesmo assim, não justifica o preço. Minha casa estaria no chão com uma infiltração de R$ 17 mil. Os próprios técnicos disseram isso”, diz.

Agora, a família tenta recorrer. “Fomos avisados de que a próxima também será alta, fora todo o desgaste emocional. Meu pai tem problema de saúde e ficou bastante alterado. Além disso, se eles levaram a conta para revisão é porque já sabiam que o hidrômetro estava alterado e anormal. Por que demoraram um mês para avisar sobre a infiltração?”, completa. A fisioterapeuta pagava R$ 350 por mês em uma casa com quatro moradores.

Acostumado a pagar R$ 300, Paulo Aguiar, 67, recebeu a conta de julho com o valor de quase R$ 500. “É uma cobrança sem sentido porque acredito que tenhamos conseguido diminuir cerca de 30% do consumo”, reclama.

Versão Oficial

A Caesb afirma que os problemas citados foram pontuais. No caso do morador Hélio, a companhia garante que não houve irregularidade nas instalações pertencentes à Caesb. Segundo a empresa, o consumidor solicitou revisão do faturamento da conta e a vistoria confirmou a leitura. “Foi entregue a notificação de consumo alto para verificar as instalações internas.

A própria companhia solicitou aferição do hidrômetro, sem ônus ao cliente, que constatou a submedição do aparelho. O faturamento está confirmado e mantido”, acrescenta a assessoria. Quanto ao valor cobrado da fisioterapeuta Taynara, a Caesb informa que, por iniciativa da empresa, foi realizada uma vistoria. A equipe atestou que o hidrômetro estava lacrado e em pleno funcionamento.

“Orientamos a verificar as instalações internas. Depois, a proprietária solicitou nova vistoria informando que havia localizado e consertado um vazamento”, explica a companhia.

Segundo a empresa, a conta foi refaturada com a cobrança da tarifa de esgoto pela média e o limite superior. “O novo valor passou para R$ 459,19. Vale ressaltar que compete ao cliente a manutenção e o correto funcionamento das instalações internas”, acrescenta. Na casa de Paulo Aguiar, a Caesb explica que a média de consumo passou de 27 metros cúbicos para 34 depois que o hidrômetro foi trocado.

Fonte: www.jornaldebrasilia.com.br

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