quinta-feira, 7 de dezembro de 2017

Criminalidade: bandidos de olho nos carros

Furtos não envolvem violência, mas intensificam a percepção de insegurança entre as pessoas. Os arrombamentos de carros, tipo de crime contra o patrimônio, aumentaram 26% no último mês, em comparação com o mesmo período do ano passado. As informações são do balanço da criminalidade da Secretaria de Segurança Pública e Paz Social divulgado ontem. Em novembro de 2016, foram registradas 941 ocorrências de furto em veículos, contra 1.186 em novembro deste ano.

O número de estupros registrados nesses meses também subiu. Houve 92,3% mais ocorrências formais em 2017. Os estupros ocorridos, de fato, em novembro de ambos os anos, aumentaram 10% — foram 40 em 2016 contra 44 em 2017. A redução no número de roubos e mortes no trânsito foram pontos positivos do balanço da criminalidade. Os assaltos a pedestres diminuíram 0,8%, ao lado de uma queda de 13,6% nos roubos de veículos, em transporte coletivo (-26,8%), no comércio (-26,5%) e em residências (-28,8%).

Menos policiais
De acordo com o Secretário de Segurança do Distrito Federal, Edval de Oliveira Novaes Júnior, a redução do efetivo das forças de segurança é fator crucial para o crescimento do número de crimes contra o patrimônio.

“Houve aumento em algumas modalidades, mas conseguimos reduzir a maioria delas em 2017, mesmo com a crise econômica, que faz com que a arrecadação caia. A Polícia Federal teve 25% do efetivo reduzido desde 2014”, exemplifica.

Para o secretário, o crescimento populacional e a desigualdade social são características intrínsecas ao DF e contribuem para agravar os índices de criminalidade. “Voltar ao que éramos anos atrás é impossível, mas temos trabalhando com inteligência e estatística para que o policiamento seja aplicado na hora e no local onde os crimes estão acontecendo”.

Vítima por cinco vezes
O intérprete Salomão Cunha, 52, teve objetos furtados dentro do veículo cinco vezes, desde o ano passado, no Setor Hoteleiro Sul. No episódio mais recente, ouviu o alarme, viu o criminoso e foi ao local. “Quando cheguei, tinham levado as cadeirinhas dos bebês. Cada uma me custou cerca de R$ 700, fora o vidro da frente, que foi quebrado. Eles são rápidos. Consegui ver a pessoa da janela, gritei, corri e desci, mas já tinham levado”.

Segundo Cunha, o crime é comum na região. “Temos medo. Moro aqui com meus filhos e não saio à noite. Segurança é sensação. E o que a gente percebe é a insegurança”, destaca. “Quando a gente chama a polícia, eles quase te coagem, como se a culpa fosse nossa”.

Diminuir a ocorrência dos crimes não depende só da polícia, analisa o secretário de segurança. Nos casos específicos de estupros, que registram alta a cada mês, ele aponta: “Falta a educação das pessoas e a questão da família, porque a maioria desses crimes acontece dentro de casa, onde não há como a polícia atuar”. Os estupros na rua, para ele, são exceção, apesar de terem aumentado 46% em relação a novembro do ano passado. Os estupros em locais fechados — inclusive em residências — subiram 40%.

Fonte: www.jornaldebrasilia.com.br                             

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