sábado, 7 de outubro de 2017

Ex-diretor de escola aliciava menores, pedia vídeos de atos sexuais e vendia material

Duas décadas de pedofilia foram identificadas pela Polícia Civil com um ex-diretor de uma escola particular de Ceilândia. Em troca de dinheiro e presentes, o suspeito aliciava meninos para que enviassem fotos nus e gravassem vídeos praticando atos sexuais. Ele também fez pelo menos duas vítimas de estupro e vendia os materiais. Segundo o instituto de criminalística, é maior material apreendido sobre pedofilia na história da capital.

No último ano, pelo menos nove crianças chegaram a enviar fotos e filmes ao suspeito. Mais de uma centena de fotos e duas dezenas de vídeos foram localizados pela polícia. Em alguns, o próprio suspeito atuava nos autos sexuais. Em outros, ele fazia os meninos transarem entre si.
“Detectamos que os contatos pessoais eram feitas com meninos humildes. Alessandro da Silva Santos, ex-diretor de escola particular de 45 anos, cooptava as vítimas oferecendo lanches, presentes e dinheiro para convencer os menores a tirarem e enviarem fotos nus ou cometendo atos sexuais”, afirma o delegado Ricardo Viana, titular da 24ª Delegacia de Polícia.
A Operação Lex Scantinia foi deflagrada pela 24ª Delegacia de Polícia, no Setor O, para identificar um esquema criminoso voltado à prática de crimes de estupro, estupro de vulnerável e comercialização de imagens sexuais envolvendo menores. A Polícia Civil divulgou imagens do suspeito na esperança de encontrar outras possíveis vítimas.

Estupros
Dois adolescentes também foram estuprados. “Alessandro propôs sexo para um menino de 13 anos. Quando negou, o ameaçou, o mandou tirar roupa porque o suspeito faria do jeito dele. Sentindo-se ameaçado, o adolescente praticou o ato sexual e ganhou R$ 100. Depois, o menino, por necessidade, passou a se prostituir ao ex-diretor”, conta o investigador. O segundo menino abusado teria 14 anos.

Em maio, a PCDF cumpriu mandado de busca e apreensão na casa do acusado. Ali, foi apreendido um HD com centenas de vídeos e imagens sexuais, envolvendo o próprio homem com meninos de 12 a 17 anos. O homem foi preso e solto no dia seguinte após pagamento de fiança arbitrada pela Justiça.
“Depois de sua soltura, ele foi de porta em porta de envolvidos para que fotos e conversas fossem apagadas, eliminando rastros da ação”, revela o delegado Viana. Com o conteúdo dos laudos, em junho, a polícia pediu sua prisão temporária, que foi prorrogada. Em setembro, ele foi preso preventivamente e está no Complexo Penitenciário da Papuda.
Duas décadas de pedofilia
Segundo a Polícia Civil, as práticas criminosas aconteceriam desde a década de 1990, quando o suspeito era diretor do Colégio Cristo, em Ceilândia, que não existe mais. A perícia indica que é a maior apreensão de atos de pedofilia já vistos no Distrito Federal. Há duas décadas, os menores eram encontrados em um fliperama do Conjunto Nacional.

Dois homens, que hoje tem 31 e 30 anos, foram identificados como vítimas e ouvidos pela polícia. “Nossa frustração é que há muitos que não foram encontrados, identificados”, lamenta o delegado. Dezessete pessoas foram ouvidas.

Comércio de imagens
Não bastasse o catálogo de imagens de pedofilia que o suspeito guardava em casa, ele ainda vendia os arquivos. Um homem, identificado como comprador, foi localizado em Belo Horizonte, capital de Minas Gerais. Em seu celular havia várias imagens de crianças e adolescentes em cenas de sexo. Jobson José Aquino Vinhas foi preso preventivamente.

Segundo as investigações, os dois criminosos compartilhavam as imagens entre si e também na internet, além de terem mantido conversas pelo whatsapp. Hoje, Alessandro estava desempregado e atuando como segurança freelancer. Pagava de R$ 100 a R$ 150 pelas imagens e R$ 800 pelo aluguel de um terreiro de umbanda onde atuava como pai de santo. Para a polícia, as vendas de imagens de pedofilia ajudariam a arcar com os gastos.

As apurações continuam e a polícia espera identificar outros suspeitos e vítimas. “Há indícios de que essas imagens foram repassadas a outras pessoas da capital federal e também de outros Estados. Pelo menos dez vítimas desses criminosos já foram identificadas”, revela o delegado Ricardo Viana, chefe da 24ª DP.
Jessica Antunes
jessica.antunes@jornaldebrasilia.com.br


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