domingo, 24 de setembro de 2017

Praça de Taguatinga é dominada por traficantes de crack e maconha

Vendedores e usuários se movimentam em meio a skatistas, jovens e crianças que vão em busca de lazer na praça da QS 6 de Taguatinga.

Conhecida como a “praça do tráfico”, uma área de lazer da QS 6 de Taguatinga Sul tornou-se alvo de investigação da Polícia Civil. Em meio ao movimento de skatistas e de crianças brincando no local, traficantes e usuários vendem e usam drogas à luz do dia.

Bocas de fumo foram instaladas ao redor das pistas de skate e quadras poliesportivas. Nos últimos cinco meses, 28 criminosos que vendiam drogas na área acabaram presos. De acordo com investigações da Seção de Repressão às Drogas (SRD) da 21ª Delegacia de Polícia (Taguatinga Sul), o esquema é movimentado por homens que exploram o vício de jovens moradores da região.

Os policiais mapearam os diferentes mecanismos desenvolvidos pelos traficantes para não levantar suspeitas durante as transações. Todas as ações foram filmadas e embasaram o pedido de prisão dos criminosos.

O comércio de drogas na praça sempre ocorre em horário de maior movimento, quando jovens estão andando de skate, bicicleta ou jogando bola. A ação dos traficantes é velada e costuma ter os compradores conhecidos. As negociações são rápidas e quase imperceptíveis.

Uma das formas adotadas pelos “vapores” – pequenos traficantes que fazem o repasse das drogas aos usuários – é esconder as porções de entorpecentes no tronco das árvores plantadas ao redor da praça. A ação evita que o traficante seja abordado e preso portando a droga.

Arremesso de trouxinhas
As filmagens feitas pelos policiais também flagraram outro método usado para vender a droga de forma rápida e segura. As trouxinhas de maconha e pedras de crack chegam a ser arremessadas pelos traficantes nas mãos dos usuários. Um dos flagrantes ocorreu na praça quando um jovem estava próximo de uma pista de bicicleta. Da mesma maneira que a droga é jogada, os usuários jogam o dinheiro para os vendedores.


Depois de operações feitas pela Polícia Militar na região, alguns traficantes que vivem nas proximidades da praça transformaram suas casas em bocas de fumo, onde podem vender a droga com mais segurança, evitando a abordagem da PM. Um dos traficantes preso pela Polícia Civil usava dois imóveis erguidos no mesmo lote para repassar a droga aos usuários. Renato Egídio Furtado, 23 anos, foi preso em julho deste ano, no decorrer das investigações.

Os policiais também identificaram que traficantes passaram a fazer a transação de drogas sem parar em um local. As esquinas passaram a ser usadas pelos criminosos que, em questão de segundos, deixam a droga cair no chão. Em seguida, o usuário passa andando e recolhe as trouxinhas de maconha ou as pedras de crack.

Moradores agradecem
Apesar de as quadrilhas especializadas no tráfico de drogas terem uma grande capacidade para substituir os criminosos presos durante ações policiais, a retirada de 28 traficantes das ruas, no decorrer dos últimos cinco meses, fez com que as famílias voltassem a frequentar a praça.

Segundo a comerciante Maria do Carmo Soares, 32 anos, a situação no local melhorou depois da ação policial. “Com certeza, antes de boa parte dos traficantes serem retirados, era impossível, por exemplo, levar nossos filhos para brincarem lá. De uns tempos para cá, a situação melhorou”, disse.

Segundo o delegado-chefe da 21ª DP, Raimundo Vanderly, as investigações estão em andamento, mas os primeiros resultados já começaram a ser sentidos pela comunidade que sempre aproveitou as áreas de lazer oferecidas pela praça. “Além dessas 28 prisões de traficantes, identificamos e chegamos a deter 19 usuários. Conseguimos reduzir o tráfico naqueles pontos, mas existe uma reciclagem no mundo do crime. Por isso, voltaremos a prendê-los (os criminosos) novamente”, disse.

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