quarta-feira, 6 de setembro de 2017

Papa Pilhas: descarte certo requer um esforço conjunto

Com a falta de um lugar adequado para o descarte de pilhas e baterias velhas, muitas pessoas costumam acumular esses produtos em casa. Pensando na destinação sustentável, o projeto Papa Pilhas Vieira Sustentabilidade disponibiliza recipientes para coletar esses materiais em comércios e quadras residenciais. Depois de começar pelo P Sul, o projeto também está presente no Mangueiral, Ceilândia Norte, Sol Nascente, Asa Norte, e Rodoviária do Plano Piloto. No entanto, sem apoio financeiro, a ação encontra dificuldades para enviar os produtos à reciclagem.

No Brasil, a única empresa a reciclar pilhas e baterias usadas fica em São Paulo – é a Suzakin Indústrias Químicas. O idealizador do projeto no DF, Newton Vieira, explica que, para enviar os materiais, o quilo custa em média R$ 10. “Quando começamos, tínhamos ajuda do Ministério do Meio Ambiente. Mas a quantidade aumentou e eles não tinham condições de continuar”, conta. Uma multinacional também já chegou a colaborar por um período.

O projeto começou em julho de 2016, quando Newton e os irmãos passaram a refletir sobre o problema: o material enviado ao lixão contamina o solo, reservatórios de água e plantações por conter metais como cádmio, mercúrio e chumbo. Diante da questão, a ideia do projeto é que as pessoas criem um hábito sustentável.

Atualmente, o projeto abrange 16 escolas públicas e uma instituição de ensino privada. “Fizemos palestras sobre o descarte correto de pilhas e foi mais efetivo porque as crianças passam isso para os pais”, afirma Newton. A iniciativa é reconhecida pela Administração Regional de Ceilândia.


Conscientização
Uma das primeiras lojas a aderir ao projeto foi a papelaria Mega Top, localizada na QNP 30, Conjunto 24. Dona do estabelecimento, Maria Neuma, 44 anos, comenta que o ganho foi maior quando os pontos de descarte foram levados para as escolas. “No colégio do meu filho foi essencial”, comenta. “Ele aprendeu mais rápido. Por exemplo, o videogame dele gasta muita pilha, e tudo vem para o recipiente que fica na loja”, diz.

Maria acredita que o alcance foi maior porque é mais fácil mudar esses hábitos nas crianças do que nos adultos. “Todo mundo na região ficou sabendo quando isso chegou até as crianças”, observa.

Ela admite que, mesmo sabendo que a prática era errada, só jogava as pilhas e baterias no lixo comum, por falta de opção. “Mas a consciência pesava. Daí eu entulhava as baterias de celulares antigos em casa mesmo”.

Ganho no aprendizado
A diretora Ana Lúcia Arantes, do colégio Instituto Sousa Arantes (EQNP 30/34 de Ceilândia), afirma que o contato com iniciativas concretas de sustentabilidade enriquece o ensino. Todas as turmas são envolvidas.

Para ela, as crianças vão ajudar a mudar muita coisa e melhorar o meio ambiente no futuro. “A minha geração sempre pensou que alguém iria melhorar isso para a gente, que estava tudo resolvido. Mas, agora, eles vão nos ajudar a mudar os hábitos”, prevê. Logo, esse projeto fez com que os alunos conscientizassem as famílias e os vizinhos.

DF é café com leite
De acordo com a mestra em desenvolvimento sustentável Valéria Gentil Almeida, o Distrito Federal atua como intermediário no processo de reciclagem. “Assim como a reciclagem de latinhas de alumínio. No Distrito Federal só coletamos o produto, e é formada uma palha para ser reciclada em outro estado”, detalha. Ela acredita que a capital poderia desenvolver incentivos econômicos para que possa ser fomentada a tecnologia dessa reciclagem aqui.

Valéria explica que elementos como mercúrio, antimônio, bário, chumbo, cádmio e sódio podem acelerar a degradação ambiental. Principalmente se as baterias e pilhas usadas forem descartadas em usinas e lixões em grande escala. “A absorção se dá por meio da inalação e do contato com a pele. Eles penetram no organismo de diferentes formas”, comenta.

A especialista alerta que as empresas que coletam pilhas e baterias devem ser licenciadas para garantir o contato de modo adequado com esses produtos.

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